Ponto da Situação

Não sei o que aconteceu à vontade ou onde pousei a inspiração. A musa ausentou-se para parte incerta sem pedir licença, nem deixar um amarelo, preso por um magneto foleiro na porta do meu frigorífico, a dizer que estava tudo acabado entre nós.

Não estou preocupado. Ela volta sempre uma vez que precisa de mim para existir. De vez em quando tem é de ir às termas fazer uma cura de deservilhação pois eu tenho tanto de irresistível como de insuportável.

Na vida real tudo corre normal. Não tenho unhas, nem pêlos encravados, crises existenciais ou fantasmas tresmalhados. Também não estou preso se exceptuarmos o cárcere que é o meu corpo voluptouso/pecaminoso.

Continuo a trilhar os caminhos das coisas que me dão prazer, sejam eles musicais, literários, cinéfilos, desportivos ou meramente de assédio sexual a moças que saibam cantar as janeiras e não usem jardineiras.

Resta, portanto, esperar para poder alcançar sem nunca desesperar. Quem sabe se Jesus não me dá um empurrãozinho e me salva do marasmo criativo?