Orbitavam-te como electrões de tara perdida e sina desconhecida. Apesar do teu verniz descascado não tinham pedalada para ti. Para dizer a verdade nem te chegavam aos pedais. E tu sabia-lo perfeitamente. E o pouco que sabias usavas de forma nada parcimoniosa. Como se fosse preciso esfregar na cara de toda a gente o que até um cego conseguiria ver.
Consegui irritar-te logo à primeira. Devias estar habituada a que desviassem o olhar, afinal de contas, observar, sem protecção, uma estrela pode causar cegueira súbita. Resignaste-te com um suspiro melodramático e tornaste ao teu jornal de distribuição gratuita. Foi no momento em que reparei que mexias os lábios enquanto lias que decidi que tinha de te ter. Como se resiste a tais coisas? Ao indicador que acompanha linha à linha o que estás a ler, às ondas de caracóis frouxos do teu penteado suburbano, à meia de vidro orgulhosamente rasgada de cima abaixo e à glória de uma cara sem sulcos da vida, sem inocência perdida.
Telefona-me aos dezoito. És rico? Nem imaginas. Nesse caso, faço hoje.
3 comments:
Tenho um grande desgosto amoroso. Ele gosta da minha amiga que por acaso gosta do irmão dele e o irmão dele, acho, ouvi dizer que gosta de mim!
Pronto, à laia de estreita neste canto, já desabafei.
Tu, sua ervilha verde, deixa-a aprender pelo menos a ler sem apontar e mexer os lábios...ai aiaiaiaia
que texto doido... mas... sexy? ;) beijo
Dekruella,
Um quadrângulo com possibilidades incestuosas é sempre muito mais interessante que os triângulos usuais, hehe.
Teresia,
Isso é um elogio?
beijinhos da horta
Ervi
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