Adoro acordar depois do meio-dia, a manhã não é para mim, e pensar que a esmagadora maioria das pessoas que eu conheço já está a trabalhar há uma data de horas. Consigo muitas vezes o feito assinalável de despertar depois de gente minha conhecida que vive nos E.U.A. já ter iniciado a sua labuta diária.
Como tenho um acordar difícil (Ed: esta descrição peca por defeito) às vezes necessito de as imaginar especialmente miseráveis e infelizes, injustiçadas pelo patronato e incompreendidas pelos colegas intriguistas e incompetentes. Se não for suficiente, penso nelas insatisfeitas com os ordenados, com a falta de privacidade e o nível de caos dos open spaces, desesperadas por umas passas em cigarro alheio, reféns das limitações no acesso à pornografia na net e quase suicidas face à qualidade do café produzido pela maquineta local.
Nos dias em que me levanto mesmo deprimido penso nas crianças escravizadas por meio punhado de arroz a coser, com os seus dedinhos imundos e cansados, equipamentos desportivos de marcas prestigiadas que eu mais tarde vou usar e fico logo mais bem-disposto. É caso para dizer que “com o mal dos outros passo eu bem”.
1 comment:
eu sei que não se deve gozar com estas coisas, mas...obrigada pelo conselho!
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