Que os Ingleses são do contra e algo excêntricos, não é grande novidade. Defeito, feitio ou maneirismos imperiais vestigiais, só Deus saberá. Guiam e andam fora de mão, têm sistemas de medida que não lembram ao diabo, comem bacalhau com batatas fritas francesas e conseguem fazer coexistir a pompa e circunstância do protocolo Real com a mais degradante das imprensas sensacionalistas.
Às vezes dá a sensação que o prazer de baralhar os demais é a sua única verdadeira aspiração na vida. Nada com que eu não me identifique, pois claro, e este post é mais uma prova disso.
O mais incauto dos portugueses ao desembarcar na Velha Albion depressa perceberá que push não é puxar, que os tomates são balls, que o black pudding não é flan, que a constipation local não implica ranho, que ordinário é vulgar e vulgar é ordinary, que a Turquia é um Peru pero o Peru não é a Turquia, que “don’t give a shit” é “estar a cagar” e que wanker raramente é um elogio (pese embora eu tenha muito orgulho das minhas credenciais nesse campo).
Na minha esmerada educação de cavalheiro recebida na Suíça (a pastelaria) sempre foi ponto assente que “Não” significava “talvez”, “tens de te esforçar mais”, ”o teu último poema tinha imperfeições na métrica”, ”o duchesse é fresco mas ainda tens de aprender a manusear o garfo de sobremesa com o mindinho espetado”.
(Nota: Julgo ser importante salientar que a cartilha do cavalheiro é em tudo distinta da do cromo insuportável/ sociopata violador/ melga pirilau e, apenas por isso, é possível conferir legitimidade a esta interpretação artística da palavra “Não”.)
Ora, qual não é o meu espanto quando através da observação minuciosa da fotografia supraembebida© (neologismo Ervi), me consciencializo, num misto de perplexidade e divertimento que afinal em Inglaterra o “Não” significa “Tens de me levar a jantar fora primeiro”.
Não fora eu um cavalheiro e alvitraria de imediato que ao preço que a Libra Esterlina anda, mais vale fazer jus à minha merecida reputação de solista! Mas como sou, ambas as coisas, fiquemo-nos por aqui.
8 comments:
You gotta be kidding me, right? To eat out means to go out for dinner. To eat somebody out, on the other hand is to give sb oral pleasure. English is tricky indeed, isn't it? Ainda assim, continuo rindo à beça do seu blog. Keep up the good (blow)job.
Right! E ainda posso acrescentar que blow não é chupar!
realmente ninguém entende os ingleses, o meu inglês é muito avançado já falei com gente de quase todos os países europeus e alguns americanos em inglês, mas falar inglês com ingleses para mim é um pesadelo, falam com a boca toda aberta como se tivessem um peixinho dourado a nadar lá dentro e eu passo a conversa toda a dizer excuse me?! não é normal! se calhar não falo tão bem como pensava ou então a camada jovem inglesa sofre de distrofia muscular na língua...não sei...
a jovem deve querer garantir que não fica a ver navios... primeiro ele que a satisfaça, depois logo deixa que ele se entretenha no "playground".
“don’t give a shit” é “estar a cagar”???
:P
Sim, Sara. Por exemplo:
I don't give a shit about Pinto da Costa = Estou-me a cagar para o Pinto da Costa
Com o pormenor da Pastelaria é que te revelaste.
Beto cagão! \m/
Não me digas nada, eu estou na terra deles!! HELP!
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