A Mamífera da camisola laranja apanhou-me mesmo quando me ia a esgueirar sorrateiramente entre a máquina dos gémeos e a dos peitorais. Estava com uma bandana no cabelo o que ainda a fazia parecer mais jovem e apetitosa. Fiquei logo afogueado, cheio de afrontamentos menopausicos, com a ideia de ir para trás do biombo com ela.
Até tive de me concentrar, passar dos zero ao zen em 6 segundos, para não ficar de tenda montada, ou verdade seja dita, na minha idade, para não ficar com a bandeira a meia haste. É que com os meus micro calções dos anos 80 daria mesmo uma grande bandeira! A ervilha iria parecer um pionés!
Os mais novos podem não saber, mas na altura as roupas de desporto eram tão pequenas e justas que os rapazes nem precisavam de enfiar embalagens de algodão hidrofilo, nem meias, nem hamsters vivos para aumentar o volume e/ou os movimentos peristálticos da coisa.
Injusto? Não acho. Vocês é que começaram com os wonderbra e afins. Isto é só uma resposta tipicamente masculina, um desenrascanço à MacGyver, fácil, barato e, com alguma sorte, pode dar milhões. Bom, mas agora não vou falar de espermatozóides.
Voltemos à Mamífera que disse:
- Boa tarde senhor Ervilha, com que então por cá?
Normalmente irritam-me as pessoas que chafurdam no óbvio, mas a menina era tão mamífera, tão mamífera que eu retorqui com um sorriso aberto:
- É verdade, cá estamos e que dia tão bonito!
- Hoje, estou com tempo, se quiser posso fazer-lhe uma avaliação completa – ao mesmo tempo fez um gesto com a cabeça na direcção do biombo, o que causou uma grande tremedeira nos meus joelhos.
- Deixe estar. Não é preciso – respondi com uma voz sumida e de olhos esbugalhados.
- Pelo menos diga-me qual a sua motivação, o seu objectivo, é perder uns quilitos? – inquiriu enquanto apontava para a minha barriga perfeitamente curvilínea de ervilha adulta.
- Prefiro não dizer - não estava nada inclinado a confessar que me encontrava ali para ver as ervilhas jovens, suadas, ofegantes, vaidosas, de abdómens ao léu , de marmelos aos saltos a fazerem cenas dolorosamente eróticas naquelas máquinas de abrir e fechar as pernas.
- Ora, ora, não é preciso ter vergonha. Nós aqui estamos habituados. È para queimar calorias? É para se sentir bem? È para trabalhar algum músculo específico? – perguntou mexendo as sobrancelhas de forma trocista.
Um músculo? Estaria eu a imaginar coisas ou a Mamífera flirtava com quantos dentes tinha? Não fora o meu pequeno cérebro estar directamente ligado ao meu intestino grosso sem passar pela casa de partida, e o biombo teria vindo abaixo. Em vez disso balbuciei algo como “óó” e corri para a casa de banho mais próxima. Foi uma daquelas cólicas violentas que não escolhem nem dia nem hora e, foi assim, que lá acabei por passar meia hora a trabalhar um músculo específico...
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