Tuesday, July 31, 2007

O Ginásio VII – A Ceifeira Polaca


Tudo corria sobre rodas. Muitas das pessoas fitavam-me com um misto de curiosidade e apreensão devido aos eventos sensacionais das pretéritas semanas e houve uma vez em que uma mãe tentou, em vão, impedir que o filho desdentado apontasse na minha direcção e gritasse “Ervilha Malvina”, mas, de forma geral, sentia-me bem integrado no Hormone Club.

Sim, já tinha chegado a uma conclusão definitiva sobre o que é que aquilo, na realidade, era: um local de eleição para o engate. É que mais parecia uma convenção agrícola tal era o número de ceifeiras debulhadoras a operar continuamente. Homens e mulheres, com especial destaque para os personal trainers masculinos. A falta de subtileza da coisa bradava aos céus, mas ninguém se parecia incomodar com isso.

Não querendo fazer o papel de virgem ofendida, pois eu bem sei o que me motivou a inscrever-me no ginásio e não foi, de todo, para fazer pesquisa académica para a minha monografia em ervilhologia antropológica que ando a escrever há anos a fio, mas tem de haver limites para tudo. Ora bolas, eu sou o cliente, estou a pagar um serviço (bem, neste caso, nem por isso, mas tive despesas legais) e exijo que os monitores “musco-lentos” não sejam meus competidores. É uma injustiça e uma falta de ética imperdoável da parte deles.

Além disso, há dias em que tenho prazer genuíno no exercício físico. Mente sã em corpo são dava um belo “refrã” para uma linda canção. Não passo cem por cento do meu tempo a pensar em “forniquiquices”. Até descobri as Endorfinas, essas “gandas” malucas, que me ajudaram, e de que maneira, a reduzir a medicação farmacológica.

*****

Já diz o provérbio que “Se a Mamífera está ausente, foca-te na Passarinha presente”. E todos sabemos que a melhor maneira de afogar mágoas é arranjar alguém para as afagar por nós. Como tal vou-me pôr a jeito e ver o que acontece. E lembrar-me a tempo de não largar, nem bombas atómicas, nem sequer granadas de explosivos tradicionais. Ervilha, the Nobel Peace Prize Winner.

Para aperitivo há uma míuda que eu baptizei de Martina Bianca que me parece muito promissora. Martina, pois apresenta algumas semelhanças de cara com a tenista Martina Hingis e Bianca porque tem uma pele muito clarinha com penugem aloirada, que eu estou ansioso por tocar, mesmo que seja só de raspão. A um metro de distância parece-me muito macia, bem-cheirosa e acolhedora. Tanto a pele como a dona.

Martina está sempre a vir para a passadeira ou para a máquina elíptica ao lado da minha, mesmo quando todas as outras estão vagas. Tem um ar de camponesa polaca delicioso e umas bochechas rosa que conseguem, devido ao esforço físico intenso, ficar absolutamente ruborizadas e com um aspecto pós-coital de se perder a cabeça, em que só apetece dar beijinhos e lambidelas. Tem maminha pequena e rabito avantajado, uma silhueta que mais parece do Brasil do que da Europa de Leste. Já a apanhei várias vezes a controlar-me através do reflexo dos espelhos e dos vidros e apesar de nunca termos trocado uma palavra, passamos a vida a sorrir um para o outro feitos parvos.

A única coisa que me desagradou nela, até agora, é o facto de estar sempre de telemóvel na mão a teclar furiosamente. Ora, como é do conhecimento geral, as mulheres são capazes de fazer muitas coisas ao mesmo tempo, mas devia haver um número máximo previamente estipulado. Entre andar na passadeira, limpar o suor da parte de trás do pescoço (gosto muito dessa parte), ouvir o i-pod, olhar para o flatscreen onde passa a Júlia Pinheiro ou a Rita Ferro Rodrigues, dactilografar no telemóvel 300 caracteres por minuto e deitar-me o olho discretamente todos os 30 segundos, algo de desastroso irá eventualmente acontecer. O que vale é que eu estarei lá para a agarrar. Ervilha, the Knight in Shinning Armour.

8 comments:

Anonymous said...

Como dizem no Brasil:
Trepai, trepai, ervilhas alpinas...

Manónimo

Ervi Mendel said...

Falar é fácil...tu nem chegaste a pagar uma gasosa a ninguém! :D

Anonymous said...

sugesões para ti meu amigo Pea:
- mergulho de cabeça (cuidado onde se aterra;
- esperar adormecer no autocarro e aguardar que ela diga a uma senhora para te aguardar (neste caso pode demorar cerca de 3 a 4 meses e não sei se andam de transportes e além disso pode levar ao desespero);

He! He!
Opiniões, cada um fica com as suas, mas para que servem os amigos...

Ervi Mendel said...

CBA(CPNR),

O Ervilha ginasta tem vida própria, eu sou só o narrador e não faço ideia do que irá acontecer...
abraço,
Escriba

Anonymous said...

passa a mensagem, talvez ele tenha o ervilha ginasta provetito

Anonymous said...

vou tentar passar o novo provérbio ao meu pai, que é especialista em trocar proposições, para ver no que é que dá. Depois informo os resultados.

Anonymous said...

intiresno muito, obrigado

Rocio said...

Eu acho que é muito interessante, espero que em algum momento têm a capacidade de compartilhar essas palavras com mais pessoas, eu acho que se pode sempre ler estas coisas devem, também não li tudo porque eu tenho hipermetropia