A bomba atómica não caíu nada bem, falhou o alvo e o objectivo de forma espectacular. Diria mesmo, de forma nuclear. A Mamífera ficou completamente lívida a princípio mas depois percorreu todo o espectro de cores até atingir o roxo-raiva. Balbuciou “seu porco nojento” e zarpou a todo gás em direcção aos balneários.
Eu pensei que amanhã seria outro dia e, confesso, ainda tive a presença de espírito para lhe olhar para o traseiro saltitante enquanto se afastava a galope.
Os dias subsequentes foram bastante angustiantes. Foi-me instaurado um processo disciplinar por assédio sexual e interferência no normal funcionamento do health club e vi-me suspenso de toda a prática desportiva. Achei bastante injusto. Por estupidez, má-criação ou inoportunismo (neologismo ervilha) ainda vá que não fosse, agora assédio, vai lá vai.
Como tenho as ervilhas no sítio optei por dar luta e fazer uma pega de caras. Estes assuntos não se resolvem de cernelha. Para isso precisava de pelo menos mais um forcado. Encontrei-o sob a forma de um advogado misógino que sustentava quatro ex-mulheres e seis filhos e meio (havia um teste de paternidade ainda pendente) e que dava pelo nome de Domingos de Rãs. Era bruto, rude, com uma pronúncia nortenha cerrada, dizia palavrões como se não houvesse amanhã e era mesmo aquilo que eu necessitava.
No dia do inquérito formal, o Dr. de Rãs, que apareceu com uma gravata do Dalai Lama, pôs-me um braço por cima dos ombros e disse-me: “Sr. Erbilha, não se apoquente carago, quando eu acabar de fo**-los vão tar semanas sem conseguir andar”. Perante tal demonstração inequívoca de confiança anuí sorrindo e entrei na sala de cabeça erguida e peito aberto. Tivesse penas nas costas e mais pareceria um pavão do que uma ervilha.
Não vos vou aborrecer com os detalhes legais mas asseguro-vos que me portei como um homem. Um Homem com “H” grande, ou seja, neguei, menti, omiti e voltei a negar. Jurei a pés juntos que tinha perguntado “Estás melindrada?”, “Que nunca falara do período com ninguém à excepção dos anos de liceu onde significava trimestre ” e que “era vítima de um mal-entendido de proporções épicas”.
Enquanto isso o Dr. de Rãs, Rei dos decibéis, vociferava que iria processar toda a gente na sala, seus familiares, amigos, animais de estimação e lojas de comércio tradicional existentes nas respectivas áreas de domicílio. Era bastante gráfico e pormenorizado nas suas ameaças explicitando com clareza a interacção que pretendia efectuar com os processos judiciais e o esfíncter dos presentes.
Às páginas tantas, a Mamífera vai-se abaixo e desata a chorar baba e ranho. É de tal modo confrangedor que o Iceberg de Rãs lhe oferece a gravata do Dalai Lama para ela se assoar e recompor, ao mesmo tempo que recua na sua intenção de processar os animais domésticos, mantendo no entanto a ameaça para o gado bovino e caprino.
Eu fico para morrer, com os ventrículos e aurículas murchos que nem uma passa e passa-me pela cabeça pôr cobro aquela situação de imediato. Felizmente, esse momento de decência e lucidez esvai-se de forma quase tão célere como tinha surgido e quando dou por mim já o Dr. de Rãs assegurou frequência gratuita vitalícia do health club, toalhas à discrição, desvinculação da obrigatoriedade de eu publicitar o ginásio e um pedido de desculpas públicas por escrito afixado à entrada das instalações por um período (lá está!) nunca inferior a seis meses.
Eu pensei que amanhã seria outro dia e, confesso, ainda tive a presença de espírito para lhe olhar para o traseiro saltitante enquanto se afastava a galope.
Os dias subsequentes foram bastante angustiantes. Foi-me instaurado um processo disciplinar por assédio sexual e interferência no normal funcionamento do health club e vi-me suspenso de toda a prática desportiva. Achei bastante injusto. Por estupidez, má-criação ou inoportunismo (neologismo ervilha) ainda vá que não fosse, agora assédio, vai lá vai.
Como tenho as ervilhas no sítio optei por dar luta e fazer uma pega de caras. Estes assuntos não se resolvem de cernelha. Para isso precisava de pelo menos mais um forcado. Encontrei-o sob a forma de um advogado misógino que sustentava quatro ex-mulheres e seis filhos e meio (havia um teste de paternidade ainda pendente) e que dava pelo nome de Domingos de Rãs. Era bruto, rude, com uma pronúncia nortenha cerrada, dizia palavrões como se não houvesse amanhã e era mesmo aquilo que eu necessitava.
No dia do inquérito formal, o Dr. de Rãs, que apareceu com uma gravata do Dalai Lama, pôs-me um braço por cima dos ombros e disse-me: “Sr. Erbilha, não se apoquente carago, quando eu acabar de fo**-los vão tar semanas sem conseguir andar”. Perante tal demonstração inequívoca de confiança anuí sorrindo e entrei na sala de cabeça erguida e peito aberto. Tivesse penas nas costas e mais pareceria um pavão do que uma ervilha.
Não vos vou aborrecer com os detalhes legais mas asseguro-vos que me portei como um homem. Um Homem com “H” grande, ou seja, neguei, menti, omiti e voltei a negar. Jurei a pés juntos que tinha perguntado “Estás melindrada?”, “Que nunca falara do período com ninguém à excepção dos anos de liceu onde significava trimestre ” e que “era vítima de um mal-entendido de proporções épicas”.
Enquanto isso o Dr. de Rãs, Rei dos decibéis, vociferava que iria processar toda a gente na sala, seus familiares, amigos, animais de estimação e lojas de comércio tradicional existentes nas respectivas áreas de domicílio. Era bastante gráfico e pormenorizado nas suas ameaças explicitando com clareza a interacção que pretendia efectuar com os processos judiciais e o esfíncter dos presentes.
Às páginas tantas, a Mamífera vai-se abaixo e desata a chorar baba e ranho. É de tal modo confrangedor que o Iceberg de Rãs lhe oferece a gravata do Dalai Lama para ela se assoar e recompor, ao mesmo tempo que recua na sua intenção de processar os animais domésticos, mantendo no entanto a ameaça para o gado bovino e caprino.
Eu fico para morrer, com os ventrículos e aurículas murchos que nem uma passa e passa-me pela cabeça pôr cobro aquela situação de imediato. Felizmente, esse momento de decência e lucidez esvai-se de forma quase tão célere como tinha surgido e quando dou por mim já o Dr. de Rãs assegurou frequência gratuita vitalícia do health club, toalhas à discrição, desvinculação da obrigatoriedade de eu publicitar o ginásio e um pedido de desculpas públicas por escrito afixado à entrada das instalações por um período (lá está!) nunca inferior a seis meses.
Foi uma vitória amarga, do chico-espertismo e da força bruta. Acredito que estou a escrever direito por linhas tortas e que um dia quando estivermos a entoar cânticos de Natal à lareira rodeados pelos filhos e pelos netos nada disto terá importância. Até lá, a luta continua, hei-de ver a Mamífera nua.
6 comments:
Não é Rãs, é Rans.
LR
não é Rãs, é Xenopus...
AR
Não è Xenopus, é Mamífera!
PT
se é chato, coça
se faz médico vai à ferida
se faz ferida usa a Connee Machine!
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