A solidão é de tantas formas diferentes quanto as pessoas no mundo.
A solidão está dentro de nós próprios, somos nós que a geramos, não vem de fora.
Códigos de conduta na sociedade levam-nos a fazer o que é suposto, em vez do que queremos. Gera-se em nós, uma mágoa que nos torna duros, secos, tristes e inseguros do outro ser humano. É a solidão, um fosso que vai crescendo com o tempo, até deixarmos de saber como é que tudo começou: com o “dever” versus o “querer”.
Muitas vezes temos uma percepção de nós próprios que é um desvio da realidade. Acontece em relação ao nosso aspecto físico: o peso, a beleza, a compustura, a roupa que está de acordo com a moda, ou não. Também se verifica em relação ao que somos por dentro: afáveis ou não, prestáveis ou não, compreensivos ou não, atentos ou não, conversadores ou não, cultos ou não.
Às vezes somos tão receosos em relação ao que pensamos de nós mesmos, que nos isolamos, porque é mais fácil do que sentir a incómoda interrogação “o que estão eles a pensar de mim”? Esta interrogação, tantas vezes legítima e oportuna, se é recorrente, leva-nos à solidão. A solidão pelo medo.
Pelo contrário, podemos ter uma opinião demasiado favorável de nós mesmos. Pecamos por excesso, em vez de por defeito. Nesse caso acreditamos que damos ao outro muito mais do que de facto acontece. Sentimo-nos injustiçados pelo próximo, uma vez que este deveria responder com muito mais generosidade do que a que recebemos. Esse sentimento de injustiça provoca dor, mágoa, fúria até. E então estamos sós.
Há muitas pesoas que não ouvem o outro. Por múltiplas razões: não lhes interessa o que o seu interlocutor diz, julgam saber o que ele pensa ou acham que eles próprios têm sempre razão. Ficam sós, simplesmente porque não há diálogo.
Concluí com a vida que há duas ideias cruciais a reter. A primeira é a de que é extremamente importante apreciar com voracidade o que se tem, em oposição a desejar o que não se tem.
A segunda é a teoria da relatividade. Saber sempre relativizar os eventos nas nossas vidas. É muito importante ter a noção, mesmo sob a nossa pele, de que há tantas, na verdade quase todas, vidas mais difíceis do que as nossas.
Peggy
Créditos Fotográficos:
Insularity
by Oleg Novojilov
Nikon Coolpix 8700
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